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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Um pouco da Historia do Ribeiro Junqueira de Leopoldina.


Por João Gabriel B. Meneghite

Retratar a violência como um momento histórico não é legal. Mas quando um fato fica na mente dos torcedores e é lembrado até nos dias atuais, fica impossível não escrever a respeito.
No ano de 1941, o RJ foi  à cidade de Cataguases para jogar contra a equipe do Operário. O jogo durou apenas 12 minutos, pois antes de seu início, os ânimos dos torcedores estavam fervendo  desde a entrada do RJ em campo, sendo vaiado pela torcida adversária.
Logo aos três minutos do primeiro tempo, o jogador Isaías, do Operário saltou sobre o goleiro, que já estava com a posse da bola. Outro jogador do Operário, Tomazinho, já vinha querendo "acertar" o jogador Elair, do RJ desde o princípio do jogo e assim fez, entrando em luta corporal com o mesmo.
A banda do Horácio estava presente e quando o RJ fez um gol, a música "Poleiro de pato é no chão" foi tocada. Revoltados com o deboche, a torcida cataguasense fechou os portões e quem era de Leopoldina "entrou no cacete".
O jogador Maninho estava caído desacordado no meio campo depois de uma pancada na cabeça, tendo que ser hospitalizado. Para sair do campo, teve que se romper uma folha de zinco aos fundos do estádio. Para piorar a situação, a torcida de Cataguases cercou a ponte sobre o rio Pomba, onde aguardavam a passagem da delegação leopoldinense para apedrejá-la.
A famosa canção virou referência na catimba à torcida do Operário. "Ai, ai, ai, O galo é que está com a razão, Ai, ai, ai, Poleiro de pato é no chão". A principal interpretação da revolta da torcida cataguasense, é que o Galo fica no poleiro no alto, assim como um time campeão (Ribeiro Junqueira). Já o pato, conforme a música fica no chão, retratando então, o time perdedor, no caso, o Operário.
A música "Poleiro de Pato" nasceu de uma parceria sem querer entre o ator Mário Lago e o compositor Rubens Soares. Naquela ocasião, o ator encontrou com Mário Lago, que reclamava sobre a perseguição que sofria da ditadura militar, que através do departamento de imprensa e propaganda, proibiu a produção de uma música de sua composição, com os seguintes dizeres: "Ai..Ai..Ai.. a vida do pobre é penar, Ai..Ai..Ai.. a vida do rico é gozar".
Tentando tranqüilizar o amigo, Mário Lago o aconselhou a ficar calmo e tentar fazer outra letra para a aprovação da música. Com os ânimos agitados, Rubens comentou que naquele momento não tinha nada na cabeça, somente a frase "poleiro de pato é no chão". Foi aí que Mário Lago entrou na parceria com ele, compondo a famosa letra, que ao ser cantada para a censura militar, o responsável naquela ocasião comentou: "Olha, eu vou aprovar, mas o sentido é o mesmo. Só que tá feita com muita inteligência".
Já na década de 1980, uma rivalidade acirrada entre dois times do interior marcaram época. Trata-se dos jogos disputados entre E.C Ribeiro Junqueira e Ideal de Recreio. Como dizem muitos: "o bicho pegava" em todos os sentidos, sejam eles dentro e fora de campo.
Um caso que ficou famoso nas duas cidades foi proporcionado pelo jogador Pião, atacante do Ribeiro Junqueira e que posteriormente também jogou pelo Ideal. No dia 2/12/1984, ocasião em que o RJ disputava o torneio Décio Correia contra a equipe do Ideal,  a torcida adversária tentava insultar o craque do RJ de todas as formas, tirando a paciência do mesmo quando o chamaram de Piorra - que também roda, mas não tem "sexo masculino". Foi à conta para o atleta mostrar "seus documentos".
No dia 23 do mesmo mês, o RJ foi na casa de seu adversário jogar a partida decisiva do torneio Alcides Campos. Lá em Recreio, o "bicho pegou", a torcida não esqueceu a atitude de Pião em Leopoldina e queriam de qualquer forma "pegar" os documentos do atleta. O jogo teve que ser interrompido e terminou em 0x0, o primeiro, disputado em Leopoldina, o Ideal tinha vencido por 2x0. Para sair do estádio em Recreio/MG, os jogadores ficaram presos no mesmo durante 20 horas.
Uma rivalidade que marcou para sempre a história do futebol regional.


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